quinta-feira, 17 de março de 2016

Presos ateiam fogo em colchões, dois ficam feridos em motim

Colchões foram queimados pelos detentos na porta das celas (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi)

Um clima de tensão tomou conta da Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, na manhã desta quinta-feira (17).Presos do Pavilhão B da unidade atearam fogo em lençóis e colchões durante um motim.Dois deles ficaram feridos quando tentavam arrancar as grades de algumas celas e foram encaminhados para o Hospital do Promorar, na Zona Sul de Teresina.

O movimento foi controlado após duas horas de motim.Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), 84 detentos se exaltaram após a descoberta de dois planos de fuga.

Dois presos ficaram feridos durante motim na Penitenciária Irmão Guido (Foto: Catarina Costa/G1 PI) 
Dois presos ficaram feridos durante motim na
Penitenciária  (Foto: Catarina Costa/G1 PI)

“Os agentes descobriram um túnel no banheiro e impediram a fuga de vários presos na noite de quarta-feira (16). Na manhã de hoje eles (agentes) encontraram duas celas serradas. Logo, em seguida os presos iniciaram um motim”, falou o vice-presidente do Sindicato, Kleiton Holanda.

Ainda conforme ele, até as 9h30 desta quinta-feira, seis agentes que estavam de plantão tiveram dificuldades para controlar o motim porque estavam sem armas não letais, a exemplo de balas de borracha. A direção do presídio acionou homens da Força Tática da Polícia Militar para conter os presos. O Corpo de Bombeiros também foi até o presídio para apagar o fogo ateado em colchões pelos presos.

Presos serraram grades da cela 17 na tentativa de fugirem (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi) 
Presos serraram grades da cela 17 na tentativa
de fugirem (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi)

"Coagidos, os agentes tiveram que sair do pavilhão e os detentos tomaram conta do pátio. Eles queimaram colchões e quebraram as outras celas. Para não tomar uma proporção maior, até porque o pavilhão C, que fica ao lado, estava recebendo visitas, a direção acionou a Força Tática", relatou Kleiton Holanda, vice-presidente do Sinpoljuspi.

Os policiais usaram bombas de efeito moral e balas de borracha. Depois de controlado o movimento, os presos retornaram para outras alas do pavilhão, que não foram danificadas.

A direção da Penitenciária realizará nesta quinta-feira os reparos das celas danificadas e conferência dos presos. Segundo o sindicato, ninguém conseguiu fugir. A unidade prisional tem 433 detentos, mas a capacidade é para 324.

"Esta situação só reflete a estrutura precária do presídio, a superlotação e o baixo efetivo de agentes. Ainda bem que o túnel aberto no banheiro foi descoberto a tempo, porque é só preciso cavar dois metros pra ter acesso a área externa da unidade", destacou Vilobaldo, diretor jurídico do Sinpoljuspi.

O sindicato ainda denúncia que na noite dessa quarta-feira  (16) pessoas foram flagradas do lado de fora  jogando pedras nos policiais e trouxas com pilhas e baterias para os presos. Elas conseguiram fugir pelo matagal e não foram identificadas.

Sejus fala sobre fugas
Em nota, a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) informou que o serviço de inteligência da gerência da Penitenciária Regional Irmão Guido,  conseguiu abortar duas tentativas de fuga no final da tarde dessa quarta-feira.

No pavilhão C, os presos serraram grades da cela 17, para tentar fugir. Já no pavilhão B, um buraco estava sendo cavado na cela 8 e foi descoberto. Cerca de 15 presos estavam envolvidos na tentativa de fuga.

Estamos fazendo de tudo para garantir que o detento fique preso e cumpra sua pena. Graças ao trabalho da gerência e dos agentes penitenciários, conseguimos abortar a ação", disse Fábio Keyller, diretor do presídio.

Morte no presídio
Em fevereiro, um detento identificado como Luís Sanderson da Silva Araújo foi morto com várias perfurações durante banho de sol na Penitenciária Irmão Guido. Em nota, secretaria de Justiça disse que está investigando o caso e que está dando todo o suporte para os familiares do detento
Segundo o vice-presidente do Sinpoljuspi, o crime pode ter sido motivado por uma briga de facções dentro do presídio.“Esse preso que foi assassinado é condenado há mais de 22 anos de prisão. Já houve registros de que ele tenha si envolvido em várias brigas dentro do presídio, mas nunca nos relatou que estava sendo ameaçado. Foram várias perfurações no rosto e no tórax”, comentou.

De acordo com o sindicalista, essa já seria a quinta morte no sistema prisional do Piauí em 2016, sendo que duas foram por homicídio e três de presos que tiveram problemas de saúde. Kleiton revelou ainda que a Penitenciária Irmão Guido têm capacidade para 320 detentos e que atualmente abriga 414.

“Nosso sistema prisional está defasado e os presídios superlotados. Além disso, a estrutura desses locais está péssima. Os presos tem uma grande facilidade para retirarem barras de ferro da estrutura e fazerem armas artesanais, nas quais matam os outros”, revelou.

Os dados do Sinpoljuspi mostram ainda que somente em 2016 ocorreram pelo menos 37 fugas e 29 tentativas. “Foram registradas três fugas na Casa de Custódia, uma na Irmão Guido, três no Hospital Penitenciário e 30 na Major César de Oliveira. Além disso tivemos também oito tentativas na Casa de Custódia, 19 na Irmão Guido e duas em Esperantina”, denunciou Kleiton.

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