quarta-feira, 2 de março de 2016

Bebê com icterícia recebe alta e morre

O sonho do primeiro filho de um casal de Imperatriz, a 485 km de São Luís, durou apenas oito meses e virou o pior pesadelo. Maria Luiza nasceu prematura no Hospital Regional Materno-Infantil, mas viveu apenas seis dias. Os pais acusam o hospital de negligência. A menina teve icterícia ao nascer, mas mesmo assim recebeu alta médica da equipe.

Após algumas horas que a bebê estava em casa a mãe recebeu uma ligação dizendo que tinha que retornar para a maternidade por causa do diagnóstico de icterícia. “Ligaram dizendo que nós tínhamos que voltar para fazer esse banho de luz. Primeiro disseram que era o exame que tinha dado errado, depois o enfermeiro disse que era só um banho de luz e que ela não podia ter saído”, contou o pai da criança, Celso Serrão.
Recém-nascida morre após ter alta de maternidade (Foto: Reprodução / TV Mirante) 
Recém-nascida morre após ter alta de maternidade
(Foto: Reprodução / TV Mirante)

O pai disse ainda que argumentou com o enfermeiro que a recém-nascida havia recebido alta e a resposta foi que uma enfermeira confundiu o carimbo do médico. “Ele disse ‘era para ter alta só sua mulher, não sua filha’. Não explicaram porque, o que foi que aconteceu. Nada. Como é que saíram as duas de lá de dentro sem ninguém falar nada? ”, disse Celso.

Elas voltaram ao hospital na segunda-feira e no dia seguinte a recém-nascida já apresentou um quadro de febre alta. Até um termômetro para medir a temperatura o pai teve que comprar. “E ele [enfermeiro] ainda veio perguntar se o termômetro era do hospital. Quando deu a noite, ela teve febre e minha sogra que estava lá dormindo com ela teve que levar a menina no colo para mostrar que ela estava com 39 graus. Aí eles deram um paracetamol para minha filha e abaixou a febre”, explicou.

O pai conta também que desde a febre a criança ficou gemendo. “Uma nenezinha de seis dias gemendo e a mulher [enfermeira] não saída da cadeira dela para ver minha filha”, completou.

Na quarta-feira, Maria Luiza foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a enfermaria que elas estavam foi interditada. O pai tirou até fotos de baratas na pia onde as crianças tomavam banho.

Nada vai trazer a menina de volta, mas o pai não se conforma com a causa da morte e já procurou um advogado porque teme pela vida de outras crianças. “Nenhum pai merece passar o que nós passamos. Nenhum pai merece o que fizeram com a minha nenê lá dentro”, desabafou.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou uma nota sobre as denúncias da família. Segundo o órgão, a recém-nascida morreu vítima de um choque séptico. Diferentemente do que consta na certidão de óbito, na qual aponta como a causa da morte a icterícia além do choque séptico, e ainda infecção neonatal.

A SES reconhece que a criança não deveria ter saído do hospital e disse que vai abrir uma sindicância para apurar se houve alguma irregularidade por parte dos funcionários do Hospital Regional Materno-Infantil e que, se for constatado, eles vão responder com o rigor da lei.  A respeito da presença de baratas nas enfermarias, a secretaria disse que o hospital preconiza a vigilância sanitária e que na última quinta-feira (25) foi feita uma dedetização no hospital.

O Hospital Materno-Infantil é a única maternidade pública da região de Imperatriz.

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