Preso na Lava Jato, ele deverá ser ouvido na semana que vem, em Curitiba.
Investigação aponta que Dirceu recebeu propina do esquema de corrupção.
Dirceu foi preso pela Polícia Federal da 17ª etapa da Operação Lava Jato. (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)
A CPI da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (27) a convocação do ex-ministro José Dirceu para prestar depoimento sobre a suspeita de ter recebido propina do esquema de corrupção que atuava na estatal por meio de sua empresa, a JD Consultoria. O ex-chefe da Casa Civil, que está preso na Superintendência da Polícia Federal desde o início do mês, deverá ser ouvido pelos deputados federais na semana que vem, em Curitiba.
Os depoimentos serão prestados a uma comitiva de deputados que estará na capital paranaense na semana que vem, entre segunda (31) e quinta-feira (3). A previsão é que as audiências ocorram no prédio da Justiça Federal no Paraná. De acordo com o cronograma da CPI, Dirceu deve ser ouvido pelos parlamentares já na segunda.
O requerimento de convocação foi aprovado de maneira simbólica (sem a contagem de votos) junto com outros pedidos de convocação para ouvir, entre outros, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e o ex-gerente de projetos da estatal Celso Araripe de Oliveira.
Condenado no processo do mensalão do PT por corrupção ativa, o ex-ministro cumpria pena em regime domiciliar desde novembro do ano passado.
A defesa de Dirceu considera que o petista é um "bode expiatório" e que a prisão dele tem "justificativa política".
O Ministério Público investiga se a consultoria de Dirceu prestou serviços a empresas que desviaram dinheiro da Petrobras ou se os contratos eram apenas uma maneira de disfarçar repasses de dinheiro desviado da estatal.
Em janeiro, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da JD e do próprio ex-ministro.
A JD Consultoria faturou R$ 29 milhões em contratos com cerca de 50 empresas nos últimos nove anos, segundo informações da defesa do ex-ministro. A empresa declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os contratos sob investigação da Petrobras.
Em depoimento à PF, o ex-representante da Toyo Setal Júlio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, contou que Dirceu usou “diversas vezes” seu avião após ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005. Camargo também relatou às autoridades que o petista interveio junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli para que a multinacional japonesa Toyo garantisse contratos com a petroleira.
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