quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Após pressão, CPI revela a deputados nomes de investigados pela Kroll



Consultoria foi contratada para apurar contas bancárias no exterior.
Lista inclui ex-diretores da Petrobras e executivos ligados a empreiteiras.

Após pressão e reiteradas cobranças de parlamentares, o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-RJ), revelou aos demais membros da comissão, em reunião reservada, quem são as 12 pessoas investigadas pela empresa de inteligência Kroll. Além de Motta, apenas outro parlamentar, André Moura (PSC-SE), sabiam da identidade dos investigados.
Os 12 investigados da lista da Kroll são:
- Renato Duque, ex-diretor da Petrobras
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
- Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras
- Alberto Yousseff, doleiro
- João Vaccari Neto, ex-tesoiureiro do PT
- Júlio Camargo, lobista apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção.
- Ricardo Pessoa, presidente da empreiteira UTC
- Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
- Eduardo Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa;
- Augusto Mendonça Neto, executivo da empreiteira Toyo Setal
- Julio Faerman, ex-representante da empresa SBM
- Stael Fernanda Janene, ex-mulher do ex-deputado José Janene, morto em 2010.

A Kroll foi contratada pela Casa por R$ 1,18 milhão para identificar contas bancárias suspeitas e repasses ilegais ao exterior de dinheiro de investigados na Operação Lava Jato. Na primeira etapa de atuação da Kroll, foram investigadas 12 pessoas. A comissão avalia agora se faz outro contrato para dar continuidade à investigação.
Na primeira etapa, a Kroll identificou 59 contas bancárias, 33 empresas e seis imóveis em nome desses 12 suspeitos. Entre os alvos da consultoria estão ex-diretores da Petrobras, executivos de empreiteiras e operadores do esquema de corrupção que agia na estatal do petróleo.
Os bens e ativos foram localizados em 33 países. Em 15 deles – Estados Unidos, Singapura, Suíça, Hong Kong, Ilhas Virgens, Uruguai, Panamá, Bahamas, Líbano, Luxemburgo, Reino Unido, Mônaco, Alemanha, Holanda e Ilha de Man –, as evidências de irregularidades seriam mais fortes.
Com exceção de Stael, Duque e Vaccari, todos os demais fizeram acordo de delação premiada. Nos bastidores, circula a informação de que a consultoria teria a missão de investigar delatores que comprometeram parlamentares para tentar derrubar a delação deles.
Motta rebateu as críticas e disse que isso não tem fundamento. “Não existe nada disso. Todos são plenamente justificáveis de estarem na lista da Kroll”, argumentou.
O contrato da companhia com a CPI está sob sigilo até 2020 por determinação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que gerou questionamentos de parlamentares. Cunha justificou a classificação dos dados como "reservados" dizendo que há informações de quebras de sigilos bancários e fiscais dos investigados.
 
Cheque-caução
Ao final da reunião, Motta disse que um novo contrato com a Kroll dependerá da anuência da comissão. “Qualquer outro passo para a contratação ou não será deliberado por todos, assim como os nomes a serem investigados serão de escolha dos parlamentares”, afirmou.
A assinatura de um contrato para aprofundar as investigações em torno de alguns nomes, porém, é vista com ressalvas por vários deputados. Um dos obstáculos seria o alto custo dessa etapa, que poderia chegar a R$ 10 milhões, segundo relatos de deputados do colegiado.
A Kroll também exigiu um cheque-caução, em um valor ainda não definido, para eventuais processos que a empresa poderia sofrer por parte dos investigados por invasão de privacidade, por exemplo.

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